terça-feira, 8 - julho 2025 - 18:41

Haddad: bets ganham fortuna, mas mandam dinheiro para fora do país


Ministro da Fazenda, Fernando Haddad
Ministro da Fazenda, Fernando Haddad

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu nesta terça-feira (8) um aumento na taxação sobre as casas de apostas virtuais (bets) no Brasil. Segundo ele, as bets devem pagar impostos mais elevados, comparando-as a setores como o de cigarros e bebidas alcoólicas, que já enfrentam alta carga tributária.

“O governo anterior tratou as bets como se fossem a Santa Casa de Misericórdia, sem cobrar um centavo de impostos durante quatro anos”, afirmou Haddad em entrevista. “Essas empresas estão ganhando uma fortuna no Brasil, gerando poucos empregos, mandando o dinheiro arrecadado para fora e, no fim das contas, que vantagem o país leva?”, questionou.

O ministro argumentou que as apostas devem ser tratadas como produtos difíceis de administrar, mas que, quando regulamentadas adequadamente, não levam ao agravamento do problema. “Temos que enquadrar esse setor de uma vez por todas. Não podemos deixar essa questão sem uma solução clara, como fizemos com o cigarro e a bebida alcoólica”, defendeu.

Para Haddad, a maior taxação das bets faz parte de um esforço mais amplo do governo para alcançar resultados fiscais robustos. Ele destacou que o objetivo do governo é manter a economia crescendo, com baixos índices de desemprego e inflação controlada. No entanto, criticou aqueles que, segundo ele, estariam tentando sabotar o crescimento econômico do país em nome das eleições do ano que vem.

Imposto sobre Operações Financeiras (IOF)

Em sua entrevista ao portal Metrópoles, o ministro também se pronunciou sobre o impasse entre o governo e o Congresso Nacional referente ao Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Recentemente, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, suspendeu tanto os decretos do Executivo que aumentavam o IOF quanto o decreto aprovado pelo Congresso que derrubava essa medida. Para resolver a disputa, Moraes convocou uma audiência de conciliação entre as partes para o próximo dia 15 de julho, em Brasília.

Haddad afirmou que, embora não possa se antecipar à decisão do STF, o governo está trabalhando para que a questão seja resolvida de maneira rápida e eficiente. “Não podemos ver isso como um ‘Fla-Flu’ (disputa futebolística entre Flamengo e Fluminense), que não interessa a ninguém. Eu prefiro abordar esse impasse de forma institucional”, disse. Ele também reforçou que o governo está buscando manter um diálogo contínuo com o Congresso e anunciou que, em breve, se reunirá com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta.

“Quando um não quer, dois não brigam. No caso, nenhum dos dois quer brigar. Não tenho nem o direito de ter relações estremecidas, pois ele é o presidente da Câmara. Ele é um poder institucional e o Brasil depende da boa condução dos seus trabalhos. Eu sou um ministro, não tenho mandato, mas ele é poder constituído. Nunca saí de uma mesa de negociação sem acordo, e não será diferente neste caso”, afirmou Haddad.

Imposto de Renda

O ministro também se mostrou otimista com relação à aprovação do projeto que prevê isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil. Segundo Haddad, o deputado Arthur Lira, relator do projeto, tem mantido reuniões frequentes com o governo, tanto presencialmente quanto virtualmente. “Acredito que este projeto será aprovado com ampla margem de apoio”, concluiu o ministro.

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