- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 26 , JUNHO 2025
A deputada estadual Janaina Riva (MDB) sugeriu, nesta terça-feira (27), que o colapso da saúde pública em Sorriso e na região norte de Mato Grosso seja formalmente levado ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas do Estado (TCE) e ao Poder Judiciário. A proposta foi feita após reunião com vereadores do município, que relataram o grave cenário de desassistência na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e no Hospital Regional, que atendem pacientes de 15 cidades da região.
“A saúde está pedindo socorro. O povo sofre, esperando atendimento à beira da morte. Há pacientes classificados como prioridade zero — ou seja, em risco de vida — que aguardam mais de 10 dias por uma vaga na UTI”, destacou a deputada.
Na reunião, Janaina ouviu as vereadoras Silvana Perin e Jane Delalibera, o vereador Darci Gonçalves e o suplente de deputado Damiani da TV. Ela ressaltou a necessidade de uma atuação conjunta para enfrentar a crise.
“Sorriso se tornou referência regional, mas sem o investimento proporcional. Ao longo dos anos, não foi construído um hospital municipal nem uma maternidade. O que existe é uma UPA lotada, onde o paciente só é transferido quando já está em estado grave”, criticou.
A parlamentar questionou ainda por que o governo do Estado, mesmo com recursos em caixa, não celebra convênio com o Hospital 13 de Maio para ampliar o atendimento via SUS, como já ocorre em outras cidades. “Isso acontece em Nova Mutum, em Primavera do Leste. Por que a população de Sorriso está sendo privada desse atendimento?”, indagou.
Janaina também comentou o episódio recente em que um homem foi preso após protestar em frente à Secretaria de Saúde de Sorriso com pneus em chamas. “Aquele foi um grito silencioso de desespero de um trabalhador que queria salvar a vida da esposa. E ele acabou preso. Os valores estão invertidos. Quem deveria estar preso são aqueles que se negam a atender, mesmo com recursos disponíveis”, afirmou.
A deputada lembrou que o próprio governador destaca que Mato Grosso investe 19% da receita em saúde, mas, na prática, faltam médicos, medicamentos e leitos. “É inadmissível que se invistam R$ 24 milhões em uma roda gigante num parque de luxo, enquanto falta o básico para quem está morrendo por falta de atendimento. O cidadão humilde de Mato Grosso também merece respeito”, defendeu.
Janaina finalizou propondo que a Câmara de Vereadores, em conjunto com os órgãos de controle e a Prefeitura Municipal, organize uma reunião formal para cobrar respostas e soluções. “Precisamos entender por que não há investimento suficiente em saúde pública, enquanto bilhões são destinados a grandes obras que não atendem a maioria da população,” concluiu.