A deputada estadual Janaína Riva (MDB) fez um pronunciamento contundente na tribuna da Assembleia Legislativa nesta quarta-feira (7), em meio à crise com o secretário-chefe da Casa Civil, Fábio Garcia (União), em torno do pagamento das emendas parlamentares impositivas.

Janaína classificou como “autoritária” a postura do secretário e do governador Mauro Mendes (União) diante da liberação desigual das emendas. Ela afirmou que se tornou “alvo” do governo por aparecer com destaque em pesquisas de intenção de voto para as eleições de 2026.

“O que mais me chama atenção é que tanto o governador quanto o secretário admitem que não irão pagar as emendas de forma igualitária aqui na Casa. O governador deixou claro que só paga emenda de quem não o contradiz. Isso é extremamente autoritário”, disparou a deputada.

Segundo a parlamentar, a justificativa do governo de que ela seria da oposição serve apenas para mascarar o que classifica como perseguição. “Eles usam o pretexto de que sou oposição para justificar uma postura autoritária em relação ao uso de dinheiro público. Esse dinheiro não pertence ao governador, é do Estado, é do povo.”

Janaína reforçou que atua de forma independente na Assembleia e não aceitará pressões. “Quero deixar claro que, como deputada independente que sou, ninguém manda em mim. Ninguém.”

A deputada relatou que a tensão com o governo aumentou desde que seu nome começou a aparecer em primeiro lugar nas pesquisas para o governo e entre os mais bem colocados para o Senado. “Desde que essas pesquisas começaram a sair, virei alvo. Isso tem gerado um desconforto enorme no Palácio Paiaguás.”

Janaína lamentou que as ações do Executivo estejam sendo guiadas pelas eleições de 2026, que ainda estão distantes. “É uma pena que tudo ainda gire em torno das eleições do ano que vem. E o pior é tentarem insinuar que sou eu quem está provocando esse embate. Fui respeitosa até agora. Aguentei muitas falácias sem levar as discussões para o lado pessoal.”

Ela ainda ironizou a postura de integrantes do governo. “Capivara para falar desse povo aí é o que não falta. Eu poderia baixar o nível, mas não vou. Vou guardar tudo isso, porque a hora certa de mostrar para Mato Grosso quem são esses ‘santos’ vai chegar.”

Ao final do discurso, Janaína classificou sua relação com o governo como um “calvário” que está prestes a terminar. “Faltam 332 dias para esse calvário acabar. Todo dia tiro uma página do calendário em casa. Falta pouco. Espero, sinceramente, que o governador anuncie sua renúncia no ano que vem. Ele precisa sentir o que é conquistar voto fora do poder”, concluiu.