quinta-feira, 8 - maio 2025 - 14:53

Lula defende China e critica tensões com os EUA em entrevista


Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou o avanço econômico e tecnológico da China e se posicionou contra uma possível “nova Guerra Fria” entre o país asiático e os Estados Unidos. Em entrevista à revista The New Yorker, publicada nesta quinta-feira (8), Lula afirmou que o Brasil tem motivos para valorizar a parceria com a China, especialmente no campo da tecnologia, incluindo Inteligência Artificial (IA).

“Graças a Deus temos a China, que, do ponto de vista tecnológico, é muito avançada e pode competir no mundo tecnológico da IA, oferecendo-nos uma alternativa para este debate”, disse o presidente. Lula observou que a resistência das potências ocidentais à China está relacionada aos ganhos de mercado do país asiático no cenário internacional.

Em sua análise, o presidente lembrou que, durante a década de 1980, figuras como Ronald Reagan e Margaret Thatcher, líderes da direita ocidental, impulsionaram a globalização e o livre comércio, criando as condições para o crescimento chinês.

“A China começou a produzir tudo o que era feito nos Estados Unidos e na Europa. Não se podia comprar uma única calça, sapato ou camisa que não tivesse a inscrição ‘Made in China’. Eles copiaram tudo com muita habilidade e aprenderam a produzir tão bem quanto, ou até melhor. Agora que os chineses se tornaram competitivos, passaram a ser vistos como inimigos do mundo”, declarou Lula, visivelmente irritado, segundo a revista.

O presidente brasileiro se posicionou contra a ideia de um novo conflito global, afirmando que a convivência pacífica entre as nações deve ser prioritária. “Não aceitamos isso. Não aceitamos a ideia de uma segunda Guerra Fria. Acreditamos que quanto mais semelhantes os países forem — tecnológica e militarmente — mais eles precisam dialogar, porque não tenho certeza se o planeta aguentará uma Terceira Guerra Mundial”, afirmou.

Lula, que está em Moscou nesta quinta-feira (8) para um encontro com o presidente Vladimir Putin, também participará do desfile militar que marca os 80 anos da vitória da antiga União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial.

+