- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, nesta sexta-feira (10), um novo modelo de crédito imobiliário que passa a contemplar famílias de classe média, com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil mensais. A proposta, que foi apresentada durante o Incorpora 2025, evento do setor habitacional em São Paulo, visa reestruturar o uso da poupança como fonte de financiamento e ampliar a oferta de crédito no país.
Segundo Lula, o objetivo é atender um público que, até agora, ficava fora dos programas habitacionais tradicionais. “Esse programa foi feito pensando nessas pessoas que não estão na faixa 1 ou 2 do Minha Casa, Minha Vida, mas que também enfrentam dificuldade para financiar sua casa própria”, declarou o presidente.
O novo modelo busca atender, por exemplo, profissionais como professores, bancários e servidores públicos que não se enquadram nos critérios do MCMV, mas tampouco têm acesso facilitado a financiamentos com juros competitivos.
“O trabalhador da classe média não quer uma casa de 40 metros quadrados, quer uma de 80 m². Não quer morar longe de tudo, mas em locais próximos de onde já vive e trabalha. Vamos respeitar isso”, afirmou Lula.
Principais mudanças do novo modelo de crédito
Ampliação do valor máximo do imóvel: sobe de R$ 1,5 milhão para R$ 2,25 milhões;
Famílias com renda entre R$ 12 mil e R$ 20 mil passam a ser contempladas;
Juros limitados a 12% ao ano, por meio do Sistema Financeiro da Habitação (SFH);
A Caixa Econômica Federal volta a financiar até 80% do valor do imóvel;
A estimativa do governo é que o programa permita o financiamento de 80 mil novas moradias até 2026.
Transição no uso da poupança e fim dos compulsórios
A nova política também altera a forma como os recursos da caderneta de poupança são utilizados no setor habitacional. Hoje, os bancos são obrigados a destinar 65% dos depósitos em poupança para o financiamento imobiliário. Desse total, 20% ficam retidos no Banco Central como depósito compulsório.
Com o novo modelo, o governo pretende encerrar os compulsórios vinculados à poupança, e permitir que o total depositado nas cadernetas seja referência direta para crédito habitacional. A medida visa incentivar os bancos a expandirem suas carteiras de financiamento.
“Na medida em que mais valores forem depositados em poupança, mais crédito será disponibilizado para o setor”, explicou o governo, em nota.
Além disso, o novo modelo permitirá que bancos que não captam recursos de poupança, como fintechs e instituições menores, possam oferecer financiamentos em condições semelhantes, o que, segundo o governo, aumenta a concorrência e reduz o custo do crédito.
Período de transição vai até 2027
A implementação será gradual, com a transição iniciando ainda em 2025 e previsão de plena vigência a partir de janeiro de 2027. Até lá, continuam valendo as regras atuais, com ajustes progressivos nos percentuais de direcionamento da poupança:
O depósito compulsório cairá de 20% para 15%;
Os 5% restantes serão migrados para o novo regime, voltado à expansão da oferta de crédito.
Com a mudança, o governo também espera mitigar os efeitos das retiradas líquidas da poupança, que somaram R$ 87,8 bilhões em 2023, R$ 15,5 bilhões em 2024 e já ultrapassam R$ 78,5 bilhões apenas em 2025, impulsionadas pela manutenção da taxa Selic em patamar elevado, o que tem estimulado a busca por investimentos mais rentáveis.
Financiamento imobiliário ganha nova dinâmica
O governo defende que a modernização do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) vai tornar o crédito habitacional mais acessível para a classe média e tornar o setor mais dinâmico. Além da poupança, o financiamento poderá contar com instrumentos de mercado como LCIs (Letras de Crédito Imobiliário) e CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários).
“A medida permitirá que o crédito habitacional não fique restrito às grandes instituições financeiras e abre espaço para mais players no mercado”, destaca o comunicado oficial.