O ex-presidente do Uruguai, José “Pepe” Mujica, morreu nesta terça-feira (13), aos 89 anos. A informação foi confirmada pelo atual presidente uruguaio, Yamandú Orsi, em publicação nas redes sociais. A causa da morte ainda não foi divulgada oficialmente.

“É com profundo pesar que anunciamos o falecimento do nosso colega Pepe Mujica. Presidente, ativista, líder e amigo. Sentiremos muita falta de você, querido velho. Obrigado por tudo o que nos deu e pelo seu profundo amor pelo povo”, escreveu Orsi no X (antigo Twitter).

Em abril deste ano, Mujica revelou, durante coletiva de imprensa, que havia sido diagnosticado com um tumor no esôfago durante um check-up. O ex-presidente também enfrentava uma doença autoimune que comprometia o funcionamento dos rins.

Quem foi Pepe Mujica?

José Mujica nasceu em 1935, em Montevidéu, onde viveu durante toda a sua vida. Iniciou sua trajetória política no Partido Nacional, uma das siglas mais tradicionais do Uruguai, onde atuou como secretário-geral da Juventude.

Na década de 1960, foi um dos fundadores do Movimento de Libertação Nacional – Tupamaros, principal grupo guerrilheiro do país. Preso por mais de uma década durante a ditadura militar uruguaia, Mujica foi vítima de torturas e chegou a relatar que, em determinado momento, precisou beber a própria urina para sobreviver.

Após o fim do regime autoritário, Mujica reconstruiu sua vida política e se tornou uma das figuras mais populares do Uruguai. Foi eleito presidente em 2009, exercendo o mandato entre 2010 e 2015. Durante seu governo, ficou conhecido mundialmente por seu estilo de vida simples, discurso humanista e políticas progressistas.

Entre os muitos episódios que marcaram sua trajetória está a recusa a ofertas milionárias por seu fusca azul, veículo que dirigia pessoalmente durante a presidência. Mujica também doava grande parte do seu salário como chefe de Estado para instituições de caridade.

Repercussão internacional

A morte de Mujica repercutiu em diversos países. O governo brasileiro, por meio do Ministério das Relações Exteriores, divulgou nota lamentando a perda do ex-presidente uruguaio, destacando sua trajetória de luta pela democracia e classificando-o como um “grande amigo do Brasil”.

Reconhecido como um dos líderes latino-americanos mais admirados das últimas décadas, Mujica deixa um legado de coerência, simplicidade e compromisso com a justiça social.