- CUIABÁ
- TERÇA-FEIRA, 3 , JUNHO 2025
O biomédico Roberto Misahel do Amaral é investigado pelo Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) por se passar por médico em unidades de saúde de Mirassol D’Oeste (291 km de Cuiabá), desde o início deste ano. A 1ª Promotoria de Justiça do município instaurou uma notícia de fato para apurar o caso, após denúncia de exercício ilegal da medicina.
Roberto tem contrato firmado com a prefeitura local e já responde a investigações semelhantes conduzidas pelo Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).
O investigado foi exonerado da Prefeitura de Laurentino (SC) em dezembro de 2023, após responder a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) por exercício irregular da medicina. A exoneração ocorreu antes de ele ser contratado pela Prefeitura de Mirassol D’Oeste, onde agora é alvo de nova investigação pelo mesmo motivo.
Durante as apurações, surgiram suspeitas sobre a autenticidade dos documentos acadêmicos apresentados por Amaral. Duas universidades informaram ao MPSC que ele não concluiu o curso de Medicina. Com base nisso, o Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) anulou sua inscrição profissional. Ainda foram identificados certificados de mestrado e doutorado supostamente falsos, também usados para assumir cargos públicos.
Em Mato Grosso, a promotora Natália Guimarães Ferreira solicitou esclarecimentos à Secretaria Municipal de Saúde do município sobre a contratação do investigado. O caso também foi comunicado à Promotoria Criminal da comarca. “Considerando a conduta reiterada, fica o alerta aos demais municípios de Mato Grosso quanto à atuação criminosa do investigado”, afirmou a promotora.
Outro lado
A defesa de Roberto Misahel do Amaral sustenta que ele concluiu a graduação em Medicina em 2024, após diversas transferências entre instituições, e que obteve um certificado provisório para solicitar registro no Conselho Regional de Medicina de São Paulo (Cremesp).
No entanto, a colação de grau foi cancelada pelo Centro Universitário das Américas (FAM), que alegou ausência de 3.000 horas de internato da UFMT. Mesmo com a apresentação posterior do histórico escolar, a faculdade recusou-se a reavaliar o caso. Por conta das inconsistências nos documentos, o Cremesp também cancelou a inscrição profissional de Amaral.