- CUIABÁ
- QUARTA-FEIRA, 13 , AGOSTO 2025
Mato Grosso deve ser um dos estados brasileiros menos afetados pelo aumento de tarifas de até 50% imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos nacionais. A avaliação é do secretário de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, em entrevista ao Jornal da Record News, na noite desta terça-feira (13).
Segundo Miranda, apenas 1,5% das exportações mato-grossenses têm como destino o mercado norte-americano. “Temos alguns produtos mais afetados, como madeira, ouro e subprodutos da carne, mas a carne bovina, por exemplo, destina apenas 7% de sua exportação aos Estados Unidos”, explicou.
O secretário destacou que os principais parceiros comerciais do estado estão na Ásia e no Oriente Médio. Ele também ressaltou que a retirada da vacinação contra febre aftosa deve abrir portas para mercados mais exigentes, como Japão, Coreia do Sul e União Europeia.
De janeiro a junho de 2025, Mato Grosso registrou um superávit de US$ 14,6 bilhões na balança comercial, o que corresponde a 45% do total exportado pelo Brasil no período.
“Somos o maior produtor nacional de soja, milho, algodão, etanol de milho e gergelim, além de termos o maior rebanho bovino do país. Essa produção é feita com sustentabilidade: preservamos 60% do nosso território e cumprimos uma legislação ambiental rigorosa”, afirmou Miranda.
Entre as medidas adotadas na área ambiental, ele citou o projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa e que prevê a rastreabilidade completa da carne — desde o nascimento do bezerro até o abate —, além do combate ao desmatamento e às queimadas ilegais.
A diversificação dos mercados também é prioridade. Em 2025, Mato Grosso já passou a exportar carne para três novos destinos, incluindo o México. Ao todo, os produtos do estado chegam atualmente a 77 países. Para reforçar essa estratégia, está sendo lançada a Invest Mato Grosso, uma agência de promoção comercial e atração de investimentos, gerida pela iniciativa privada.
Outro foco do governo é agregar valor às commodities por meio da industrialização. “Temos incentivos fiscais sem burocracia, segurança jurídica e uma política agressiva de atração de indústrias. Hoje, cerca de 40% do milho produzido no estado já é transformado em etanol, e avançamos na implantação da Zona de Processamento de Exportação (ZPE) de Cáceres, que terá acesso estratégico pelo Rio Paraguai”, destacou o secretário.
Miranda concluiu que, diante de um cenário global cada vez mais competitivo e marcado por novas tarifas, o desafio é manter os clientes tradicionais, conquistar novos mercados e mostrar ao mundo que Mato Grosso produz com qualidade e responsabilidade ambiental.