- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 11 , SETEMBRO 2025
As obras de mobilidade urbana em andamento em Cuiabá já provocaram uma queda de 36% nas vendas do comércio e resultaram na demissão de 20% dos funcionários do setor, segundo levantamento da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL). Os dados foram apresentados pelo presidente da entidade, Júnior Macagnam, durante audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (10).
De acordo com Macagnam, além das perdas imediatas, o setor comercial enfrenta o desafio de reconquistar clientes que buscaram alternativas devido aos transtornos provocados pelas intervenções urbanas.
“Quando a pessoa cria um novo hábito e começa a comprar em outro local, dificilmente ela volta. Mesmo após a conclusão das obras, o comércio terá um trabalho árduo de recuperar essa clientela. Não é apenas o varejo que sofre, mas também os serviços”, ressaltou o presidente da CDL.
Falta de cronograma agrava prejuízos
Um dos principais pontos de crítica da CDL é a ausência de um cronograma claro das obras. Para Júnior Macagnam, a previsibilidade permitiria ao comércio planejar ações para mitigar os impactos, como ajustar estoques, conceder férias a funcionários, focar em vendas online e investir em serviços de entrega.
“Com um cronograma, o lojista consegue se organizar. A falta dessa informação nos deixa sem estratégias para minimizar os prejuízos”, destacou.
Comerciantes relatam transtornos no dia a dia
Os lojistas instalados no Centro de Cuiabá são os mais afetados. Ibrahim, proprietário de uma loja de eletrônicos personalizados, afirmou que o trânsito travado, a sujeira e o tempo prolongado das obras têm afastado os clientes.
“O trânsito está caótico, e essas barreiras atrapalham demais. As máquinas ficam semanas paradas. É uma obra que parece não ter fim. Falta eficiência e sobra transtorno”, desabafou o comerciante.
Sueli, que há mais de 30 anos comanda uma loja de flores e decorações, relatou que a poeira, os buracos e o estreitamento das pistas dificultam o acesso à loja, prejudicando o atendimento e as vendas.
“A logística está comprometida. O cliente já demora para chegar, e dentro da loja temos dificuldade até para manter a limpeza. Percebemos claramente a queda no movimento”, afirmou.
Ela acrescenta que, mesmo em períodos historicamente lucrativos, as vendas não reagiram.
“Normalmente, os primeiros 15 dias do mês são bons para o comércio. Mas, até agora, em setembro, o movimento está fraco. Estamos assustados com a falta de clientes”, lamentou.
CDL propõe núcleo para monitorar andamento das obras
Diante do cenário, a CDL propôs a criação de um grupo de trabalho para acompanhar o andamento das obras, com participação do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Governo do Estado, Prefeitura de Cuiabá, Ministério Público e a própria entidade de classe.
“Nossa maior preocupação agora é com a Avenida da Prainha, que concentra um comércio ainda mais adensado, com mais empregos. Precisamos de um grupo que monitore o cronograma e repasse informações aos lojistas, para que o impacto sobre empregos e fechamento de lojas seja minimizado”, finalizou Macagnam.