- CUIABÁ
- TERÇA-FEIRA, 24 , JUNHO 2025
Os contratos futuros de petróleo registraram forte queda nesta segunda-feira (23), em meio a uma sessão marcada pela volatilidade e tensão geopolítica. Os preços recuaram após relatos de que o Irã disparou mísseis contra bases militares dos Estados Unidos no Catar e no Iraque, em resposta aos ataques norte-americanos contra instalações nucleares iranianas no fim de semana.
Apesar do aumento inicial de mais de 5% no preço do barril — motivado pelo temor de que o Irã bloqueasse o Estreito de Ormuz, rota por onde transita cerca de 20% do petróleo mundial — a avaliação posterior do mercado foi de que a retaliação iraniana foi limitada e não afetou diretamente a infraestrutura ligada à commodity.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), o petróleo WTI com entrega para agosto despencou 7,22% (US$ 5,33), encerrando o dia a US$ 68,51 o barril. Já o Brent para setembro, negociado na Intercontinental Exchange (ICE), caiu 6,67% (US$ 4,96), fechando a US$ 70,52.
Para Robert Yawger, analista da Mizuho, o mercado interpretou a ação do Irã como sinal de resposta ineficaz, sem impacto direto sobre a oferta global de petróleo. “Não acredito que eles fecharão o Estreito de Ormuz. Isso seria um tiro no próprio pé, pois afetaria as exportações para seus dois principais clientes: Índia e China”, afirmou.
O Bradesco destaca que, embora o Irã represente apenas 3,1% da produção global, sua relevância estratégica é elevada devido à localização no estreito e à baixa capacidade de reserva. O banco avalia que, diante do cenário atual com danos limitados, os preços ao redor de US$ 70 por barril se mantêm sustentáveis.
Já a consultoria Capital Economics avalia que o crescimento recente da produção nos Estados Unidos dificilmente será mantido. “Duvidamos que o presidente Donald Trump consiga impulsionar ainda mais a produção. Os avanços tecnológicos perderam força e a queda dos preços reduziu as taxas de perfuração”, pontua.
A consultoria também projeta um cenário de superávit no mercado global de petróleo a partir do final de 2025, impulsionado pelo aumento da oferta entre países fora da Opep. Com isso, a tendência é de queda nos preços, que devem recuar para abaixo de US$ 60 por barril até o final de 2025 e chegar a US$ 50 até o fim de 2026 e 2027.