- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


A Polícia Federal (PF) identificou novas minutas de decisões de ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no notebook do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, em meio à investigação sobre um esquema de venda de decisões e vazamento de informações da Corte. Documentos semelhantes também foram encontrados no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023.
As minutas envolvem gabinetes de mais quatro ministros — Marco Buzzi, Antônio Carlos Ferreira, João Otávio de Noronha e Ricardo Villas Bôas Cueva — além de um ex-ministro, ampliando o escopo da investigação para oito gabinetes, quase um quarto do total dos 33 magistrados do STJ. Até então, a Operação Sisamnes apurava vazamentos envolvendo outros quatro ministros.
Os ministros procurados negaram conhecimento dos vazamentos e qualquer favorecimento às partes representadas pelo lobista. A defesa de Andreson não se manifestou.
O inquérito identificou que alguns documentos encontrados possuem trechos idênticos às decisões oficiais, criados antes da publicação das sentenças, indicando possível vazamento interno. Porém, a PF ressalta que não há indícios do envolvimento direto dos ministros e que a origem dos vazamentos ainda será investigada.
Além disso, a PF descobriu que Andreson forjava documentos do STJ para tentar extorquir empresários, incluindo uma falsa decisão de prisão atribuída ao ministro Og Fernandes, que será descartada da investigação. O gabinete do ministro não se manifestou.
O material apreendido reforça hipóteses anteriores e revela novas conexões, ampliando o escopo da apuração. A PF entregará um relatório parcial ao ministro Cristiano Zanin nos próximos dias.
A investigação teve início após a apreensão do celular de Zampieri, que revelou diálogos suspeitos com o lobista e indícios da compra e venda de decisões judiciais. Novas minutas de documentos do STJ foram encontradas, incluindo arquivos criados antes da divulgação oficial e compartilhados entre Andreson e Zampieri.
Os gabinetes dos ministros envolvidos afirmam que as decisões foram proferidas de forma colegiada e que solicitaram apuração dos vazamentos ao STJ. Sindicâncias internas estão em andamento, e a PF continua com as investigações para garantir a integridade dos documentos e esclarecer os fatos.