terça-feira, 12 - agosto 2025 - 17:19

Projeto pode transformar fazenda de 'barão do agro' em área de conservação no Pantanal de MT


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A Câmara Municipal de Poconé (104 km de Cuiabá), vai realizar uma audiência pública nesta quinta-feira (14), para debater a proposta de ampliação do Parque Nacional do Pantanal Mato-Grossense. O projeto, considerado polêmico, prevê a desapropriação de 4 propriedades rurais, incluindo as fazendas Bom Futuro, do barão do agronegócio Eraí Maggi Scheffer Maggi.

Na proposta, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) afirma que a medida busca proteger habitats críticos, ampliar a conectividade ecológica e fortalecer ações como turismo sustentável, pesquisa científica e prevenção de incêndios. O estudo inclui áreas como o Morro do Caracará e as fazendas Bom Futuro, Belica e Porto Novo II. Se aprovada,  47.373 hectares seriam incorporados à Unidade de Conservação, que atualmente possui 135.606,71 hectares.

“As áreas propostas para ampliação do Parna do Pantanal estão sobrepostas a 04 propriedades privadas, com a totalidade das fazendas Porto Novo II e Belica (à sudeste), e parte das fazendas Boa Esperança (ao sul) e Bom Futuro (ao norte)”, cita o documento.

Diante disso, produtores rurais e entidades do setor produtivo afirmam que a ampliação prejudicará a permanência de famílias pantaneiras, aumentará as dificuldades de combate a incêndios e poderá comprometer atividades econômicas tradicionais. O Sindicato Rural de Poconé e parceiros estão convocando moradores e trabalhadores ligados ao campo para participarem da audiência e manifestarem oposição ao projeto.

O presidente do sindicato, Ricardo Arruda, critica a falta de participação das entidades locais no processo e lembra que, no ano passado, incêndios de grandes proporções atingiram a área do parque, com combate dificultado pela ausência de estradas de acesso. “Corremos o risco de termos outra grande área sem acesso, com alta quantidade de massa orgânica combustível e favorável a incêndios ambientais descontrolados”, disse.

Arruda também questiona a realização da audiência enquanto o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) ainda está em debate na Assembleia Legislativa e no Congresso Nacional. Ele defende que o incentivo financeiro a proprietários que preservam o bioma é mais eficaz para a conservação. “A presença do proprietário rural como agente de conservação está mais do que comprovada. Dados da Embrapa mostram que 85% do bioma está conservado, sendo que 97% de todo o Pantanal está em área privada”, argumentou.

O projeto, discutido desde 2018, divide opiniões. Defensores afirmam que a ampliação ajudará a preservar espécies ameaçadas, proteger recursos hídricos e valorizar comunidades tradicionais, como ribeirinhos e indígenas Guató. Já críticos apontam possíveis prejuízos socioeconômicos e questionam a capacidade de gestão da área já existente.

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