- CUIABÁ
- DOMINGO, 7 , SETEMBRO 2025
A Polícia Civil apontou que o influenciador digital Dainey Aparecido da Costa, de 34 anos — conhecido como “Playboy” ou “Deniz Bet” — era sócio de plataformas de apostas ilegais e repassava parte dos lucros a lideranças de uma facção criminosa. Ele foi preso durante a Operação Ludus Sordidus, deflagrada na última semana.
Segundo as investigações, o grupo criminoso estruturado controlava a distribuição dos lucros com porcentagens fixas destinadas às lideranças da facção. Uma das principais figuras identificadas é Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, conhecido como “Dandão”, “Véio” ou “Vovô”, apontado como a autoridade máxima do Comando Vermelho em bairros como Osmar Cabral, em Cuiabá. Sebastião também foi alvo da operação e cumpre prisão domiciliar.
Dainey era sócio da plataforma Gol Bet e proprietário da Campeão Bet, que, segundo a Polícia Civil, atuavam na exploração ilegal de jogos desde 2022. As duas plataformas foram classificadas como “as principais engrenagens financeiras do esquema criminoso”.
Além de Dainey, também operavam as casas de apostas Ozia Rodrigues e Renan Curvo da Costa. O trio era responsável por decisões estratégicas, fechamento semanal dos lucros, contratação de subgerentes e cambistas, ações de marketing e patrocínio de eventos esportivos e comunitários.
“Esses indivíduos organizavam e distribuíam os lucros da atividade criminosa em porcentagens fixas ao líder do grupo, notadamente a Sebastião Lauze Queiroz de Amorim, conhecido como ‘Dandão’, apontado como dono da quebrada e líder do CVMT”, destaca um trecho das investigações.
Divisão dos lucros
De acordo com a Polícia Civil, 30% dos lucros das apostas ficava com os sócios — Dainey, Ozia e Renan — enquanto outros 10% eram repassados a Sebastião, ao irmão dele, João Bosco, e a Reginaldo Miranda, todos identificados como membros da alta hierarquia da facção.
As investigações reforçam o papel central de Dainey na estrutura: “A autoridade policial reuniu diversos elementos que apontam Dainey, vulgo ‘Playboy’, como figura-chave na coordenação da exploração ilegal de jogos de apostas, ao lado de Ozia e Renan”.
Movimentações financeiras suspeitas
Relatórios de inteligência financeira revelaram movimentações consideradas incompatíveis com a renda declarada de Dainey. Um documento aponta que, em outubro de 2024, foram registrados saques em espécie no valor de R$ 130 mil, sem origem lícita comprovada.
A empresa Campeão Bet movimentou entre 1º de dezembro de 2023 e 30 de junho de 2024 o montante de R$ 2.636.079,00, com créditos de R$ 1.307.946,00 e débitos de R$ 1.328.133,00 — valores considerados incompatíveis com o perfil econômico do investigado.
Apesar de ter sido alvo de mandado de prisão na operação, Dainey já estava detido desde fevereiro, por envolvimento com o tráfico de drogas.
Início das investigações
A investigação foi iniciada em dezembro de 2023, após o encerramento forçado de uma reunião comunitária no bairro Jardim Liberdade, em Cuiabá. Na ocasião, membros da facção criminosa interromperam o evento com ameaças, numa clara tentativa de demonstração de poder.
Segundo apuração da Polícia, a motivação teria sido política: a irmã de um dos investigados era pré-candidata a vereadora, e a presença de um secretário de Estado no encontro teria sido interpretada como ato de campanha.
A partir do episódio, foi instaurado inquérito na GCCO/Draco, que evoluiu para identificar uma organização criminosa com atuação estruturada na região dos bairros Osmar Cabral, Jardim Liberdade e adjacências, voltada para a prática de diversos crimes, entre eles, o tráfico e a exploração ilegal de apostas.