- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


O presidente da Associação dos Produtores de Feijão, Pulses, Colheitas Especiais e Irrigantes de Mato Grosso (Aprofir), Hugo Garcia, alertou nesta terça-feira (7) que a Medida Provisória 1300/2025, aprovada recentemente pelo Congresso Nacional, pode gerar prejuízos ambientais e financeiros para o agronegócio irrigado. A norma altera as regras de desconto na tarifa de energia para irrigação, retirando o horário fixo de uso noturno e delegando às distribuidoras de energia a definição dos períodos com tarifa reduzida.
Segundo Garcia, a irrigação durante a noite, antes autorizada entre 21h30 e 6h, é essencial para garantir eficiência no uso da água e da energia elétrica. “Se o desconto for transferido para o dia, o produtor vai precisar usar muito mais água, o que aumenta o gasto e prejudica o solo e a planta, que pode literalmente cozinhar sob o sol do Centro-Oeste”, alertou. Ele afirmou que a medida pode encarecer a produção e colocar em risco a sustentabilidade do setor.
Durante coletiva de imprensa em Cuiabá, o dirigente também chamou atenção para a falta de repasses federais destinados à irrigação. “Mato Grosso tem mais de 100 mil poços de irrigação, e esses recursos são fundamentais para manter a produtividade e o abastecimento de alimentos”, destacou.
Apesar das preocupações, Hugo Garcia também apresentou avanços do setor, como o aumento das exportações de feijão de corda, gergelim, amendoim, chia e alpiste para países asiáticos. A Aprofir firmou parceria com uma academia chinesa de pesquisa em gergelim, e dois técnicos embarcaram para missão na China a fim de buscar novas tecnologias de produção. Para o dirigente, o país tem potencial para se tornar referência mundial em culturas especiais, desde que políticas públicas de irrigação sejam mantidas e aprimoradas.