- CUIABÁ
- SEXTA-FEIRA, 13 , JUNHO 2025
O vereador Rafael Ranalli (PL) afirmou nesta semana que o ex-presidente Jair Bolsonaro provavelmente será preso ao final do julgamento que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga uma suposta tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Segundo Ranalli, “tudo está induzindo a isso”, mas ele rejeita a tese de que tenha havido uma real articulação golpista no país.
“Provavelmente será preso porque está tudo induzindo a isso. Porém, eu fico com o depoimento do Cid, que vi ontem, que exime de toda forma o Bolsonaro e o suposto envolvimento. Ninguém assinou nada, ninguém teve coragem de assinar, não botou no papel. Quer dizer, é o golpe fake, né? Quem que ia tomar uma república sem Exército, sem Marinha e sem Aeronáutica?”, afirmou o vereador.
Ranalli também criticou a forma como o caso tem sido tratado: “Fica aí quem gosta desse lado de ficar apoiando essa narrativa aí de trama golpista”, ironizou, ao comentar a condução do processo e os termos usados pela imprensa.
O julgamento no STF entrou nesta terça-feira (10) em seu segundo dia de interrogatórios com os réus do chamado “núcleo 1” da suposta trama golpista. O primeiro a depor foi o ex-comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, que, segundo a Polícia Federal, teria colocado tropas à disposição de Bolsonaro para ações que impedissem a posse de Lula. O militar teria participado de uma reunião em 2022 com os comandantes das Forças Armadas, na qual Bolsonaro apresentou estudos para decretação de estado de sítio e uso de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
A audiência, conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, deve seguir até às 20h com os depoimentos de outros investigados: Anderson Torres, Augusto Heleno, Jair Bolsonaro, Paulo Sérgio Nogueira e Braga Netto.
Na segunda-feira (9), o primeiro dia de interrogatórios ouviu Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin. Cid confirmou ter participado de uma reunião em que foi apresentado um documento com proposta de estado de sítio e prisão de ministros do STF. Também relatou que recebeu dinheiro de Braga Netto para repassar ao major Rafael de Oliveira, integrante do esquadrão de elite conhecido como “kids-pretos”.
Ramagem, por sua vez, negou uso da Abin para monitoramento ilegal de ministros do Supremo e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Os depoimentos seguem até sexta-feira (13). Essa etapa é uma das últimas antes do julgamento final, que deve ocorrer no segundo semestre. Se condenados, os réus podem pegar mais de 30 anos de prisão.