O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de 69 anos, foi eleito nesta quinta-feira (8) como o novo papa da Igreja Católica. A escolha foi anunciada após a tradicional fumaça branca ser expelida da chaminé da Capela Sistina, indicando que os 133 cardeais reunidos em conclave chegaram a um consenso.

De perfil progressista e próximo ao papa Francisco, Prevost foi apresentado ao mundo pelo cardeal Dominique Mamberti, em latim, da sacada da Basílica de São Pedro. Em seu primeiro discurso, o novo pontífice iniciou com uma saudação de paz:
“A paz esteja com todos vocês. Esta é a primeira saudação do Cristo ressuscitado. Eu também gostaria que essa saudação de paz entrasse no coração de vocês.”

Prevost, que havia sido nomeado cardeal por Francisco em 2023, assume o pontificado em um momento de desafios para a Igreja, como a gradual perda de fiéis e a alta popularidade de seu antecessor. Ele deverá responder se seguirá a agenda reformista iniciada por Francisco e continuar o processo de aproximação com os católicos ao redor do mundo.

“Queremos ser uma igreja sinodal, que avança, que busca sempre a paz, a caridade, que se mantém próxima, principalmente daqueles que sofrem”, disse, indicando continuidade com a visão de seu antecessor.

Natural de Chicago, nos Estados Unidos, Prevost construiu grande parte de sua trajetória eclesiástica no Peru, país ao qual dedicou uma mensagem especial em espanhol durante o discurso de posse — um gesto inédito para um discurso inaugural papal, tradicionalmente feito apenas em italiano.

A eleição de Prevost se deu no segundo dia do conclave, repetindo o padrão dos dois últimos papados (2005 e 2013). Apesar da expectativa de que o processo fosse mais demorado, devido ao número maior de cardeais votantes em relação ao último conclave (133 contra 117), a decisão foi tomada de forma relativamente rápida. Antes da escolha final, duas fumaças pretas haviam sido emitidas — uma na noite de quarta-feira (7) e outra na manhã desta quinta.

A escolha do novo papa ocorre 17 dias após a morte de Francisco, vítima de um AVC e insuficiência cardíaca, em sua residência no Vaticano. Embora a morte tenha sido inesperada, o pontífice enfrentava um estado de saúde frágil e havia sido recentemente internado por cinco semanas para tratar uma pneumonia.

Em seu primeiro pronunciamento como papa, Prevost fez questão de agradecer a Francisco:
“Obrigado, papa Francisco.”

A fumaça branca também marcou o fim oficial do período conhecido como Sé Vacante, quando a liderança da Igreja fica vaga entre a morte de um papa e a eleição de seu sucessor. Agora, com o início de um novo pontificado, o Vaticano sinaliza se dará continuidade, ou até mesmo avanço, à agenda reformista dos últimos 12 anos.

A Praça São Pedro reuniu cerca de 45 mil pessoas no momento da decisão, entre fiéis, turistas e curiosos. O público aguardava ansiosamente por sinais vindos da Capela Sistina, muitos com celulares apontados para a chaminé. O silêncio, por vezes interrompido por aplausos e orações, deu lugar à emoção coletiva com o surgimento da fumaça branca.

Os cardeais iniciaram oficialmente o conclave na quarta-feira (7), após a celebração da missa Pro Eligendo Romano Pontifice, na Basílica de São Pedro. A primeira votação terminou com a tradicional fumaça preta, como esperado, já que é raro que um papa seja eleito no primeiro escrutínio. O processo foi mais demorado que nos conclaves anteriores, possivelmente devido a uma pregação prolongada antes das votações ou ao fato de muitos cardeais estarem participando de seu primeiro conclave.

Com um estilo discreto, conciliador e pragmático, Prevost deve manter o protagonismo da Igreja Católica no cenário mundial, mesmo diante da diminuição do número de fiéis. Sua eleição representa não apenas uma continuidade nas reformas iniciadas por Francisco, mas também um marco histórico com a escolha do primeiro papa oriundo dos Estados Unidos.