A senadora Margareth Buzetti (PSD-MT) voltou a criticar duramente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), a quem classificou como “moleque” durante uma entrevista concedida nesta terça-feira (23). Segundo a parlamentar, o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro é um dos principais responsáveis pelo agravamento das relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos, incluindo a recente imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelo ex-presidente americano Donald Trump.

De acordo com Buzetti, Eduardo Bolsonaro teria atuado nos bastidores para inviabilizar o funcionamento de uma comissão externa do Senado que buscava abrir diálogo com autoridades norte-americanas. “Ele desfez da senadora Tereza Cristina, que foi ministra da Agricultura no próprio governo Bolsonaro, desrespeitou o governador Tarcísio de Freitas e sabotou qualquer tentativa de interlocução diplomática”, afirmou.

A senadora também criticou a postura do deputado nas redes sociais. Segundo ela, Eduardo se apresentava como representante oficial do Brasil em vídeos onde anunciava possíveis sanções comerciais. “Está tudo gravado. Ele falava como se fosse o negociador oficial. Agora temos um tarifaço contra o Brasil, e isso é responsabilidade dele”, acusou.

Buzetti foi além e atribuiu ao parlamentar parte da responsabilidade pela atual situação de Jair Bolsonaro, que está sendo monitorado por tornozeleira eletrônica desde o dia 18 de julho, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF). “Quem causou tudo isso foi ele. O pai está de tornozeleira por culpa desse moleque”, disparou.

Críticas ao STF e defesa do impeachment de Moraes

Durante a entrevista, Margareth Buzetti também teceu críticas ao Supremo Tribunal Federal, afirmando que a Corte tem extrapolado os limites constitucionais. Segundo ela, o avanço de um eventual pedido de impeachment do ministro Alexandre de Moraes depende exclusivamente da vontade do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).

“É preciso ter coragem para enfrentar esses abusos. Eu votaria a favor do impeachment. O que o STF tem feito não é razoável”, declarou a senadora, citando como exemplo a decisão de Moraes que invalidou a revogação, pelo Congresso, de um decreto do Executivo que aumentava a alíquota do IOF.

Apesar das críticas ao Judiciário, Buzetti rejeitou qualquer tentativa de mobilização bolsonarista para convocar caminhoneiros a uma nova greve geral em apoio ao ex-presidente. “O país precisa de soluções e estabilidade, não de mais confrontos. A última paralisação foi um desastre, e não podemos repetir esse erro”, afirmou.

“O Brasil está uma bagunça, mas precisamos de equilíbrio”

Para a senadora, o atual cenário político exige mais responsabilidade e menos polarização. “O Brasil já está uma bagunça. Precisamos negociar, buscar equilíbrio entre os Poderes e parar com essa disputa constante”, defendeu.

Ela também fez críticas ao uso das emendas parlamentares, que, segundo ela, retiram recursos do Executivo de forma desordenada. “Tem muita coisa errada no país, inclusive nas emendas. Mas não é com gritaria nem tumulto que vamos resolver”, concluiu.