- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 24 , JULHO 2025
O grupo de senadores brasileiros que se prepara para viajar a Washington já definiu a principal mensagem que pretende transmitir às autoridades norte-americanas: caso os Estados Unidos adotem barreiras comerciais contra produtos brasileiros, o país poderá se aproximar ainda mais da China.
A delegação entende que a crescente relação entre Brasil e China é um ponto sensível para o ex-presidente Donald Trump e seus aliados, e pretende deixar claro que a imposição de tarifas — como a anunciada de 50% sobre produtos brasileiros — poderá empurrar o Brasil para a esfera de influência chinesa, intensificando a parceria com o principal concorrente dos EUA.
A estratégia foi debatida em reunião realizada nesta quarta-feira (22), em Brasília, com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira. O encontro teve caráter preparatório para a viagem à capital americana.
Até o momento, a agenda dos parlamentares em Washington está restrita ao Capitólio. No entanto, fontes envolvidas na organização alertam que a viagem corre risco de esvaziamento, devido à decisão dos líderes republicanos de antecipar o recesso de verão para evitar votações relacionadas ao caso Epstein.
Durante a reunião em Brasília, os senadores também questionaram os ministros sobre o que responder caso sejam indagados sobre a posição do Brasil em relação ao Brics. A resposta foi evasiva e buscou minimizar o peso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem dado ao bloco em seus discursos recentes. “Não é bem assim”, teria dito um dos ministros presentes.
Pressão nos bastidores
Nos Estados Unidos, empresários de setores impactados pelas tarifas, lobistas, consultores e representantes de entidades do setor produtivo estão em contato com os senadores brasileiros. O objetivo é unir forças e traçar uma estratégia de convencimento para tentar reverter a medida antes de 1º de agosto.
Apesar da mobilização, a expectativa de sucesso é considerada baixa. Um interlocutor próximo ao grupo afirmou que, mesmo com toda a articulação, os parlamentares não possuem mandato formal para negociar em nome do governo brasileiro. Caso obtenham algum avanço, o governo Lula deve se apresentar como parceiro da iniciativa. No entanto, se os esforços falharem, os senadores correm o risco de serem criticados por agir sem respaldo oficial.