- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 24 , ABRIL 2025
Ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados são acusados de tentar abolir o Estado Democrático de Direito; 34 pessoas foram denunciadas
O Supremo Tribunal Federal (STF) julga nesta semana a abertura de ação penal contra integrantes do chamado “núcleo 2” da tentativa de golpe de Estado, denunciada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) em fevereiro deste ano. O grupo teria atuado no gerenciamento das ações para manter Jair Bolsonaro (PL) no poder, apesar do resultado das eleições de 2022.
A denúncia é baseada em investigações da Polícia Federal, reunidas em um relatório entregue à PGR no fim de 2023. Ao todo, 34 pessoas foram acusadas, divididas em cinco núcleos. O STF já abriu uma ação penal no último dia 11 contra Bolsonaro e outros sete aliados, integrantes do chamado “núcleo crucial” da organização.
Quem são os acusados do “núcleo 2”
Entre os nomes listados no segundo grupo estão:
Fernando de Sousa Oliveira – delegado da PF e ex-secretário-executivo da Secretaria de Segurança Pública do DF;
Marcelo Costa Câmara – coronel da reserva e ex-assessor de Bolsonaro;
Filipe Martins – ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência;
Marília Ferreira de Alencar – ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça;
Mário Fernandes – general da reserva e ex-subchefe da Secretaria-Geral da Presidência;
Silvinei Vasques – ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal.
Os crimes apontados pela PGR
A Procuradoria-Geral da República indicou cinco crimes cometidos pelo grupo:
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (pena de 4 a 8 anos);
Golpe de Estado (pena de 4 a 12 anos);
Organização criminosa (pena de 3 a 8 anos);
Dano qualificado ao patrimônio da União (pena de 6 meses a 3 anos);
Deterioração de patrimônio tombado (pena de 1 a 3 anos).
O papel de Bolsonaro e do “núcleo crucial”
Na denúncia, o procurador-geral da República, Paulo Gonet Branco, afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro liderou uma organização criminosa com “atos lesivos” contra a ordem democrática, baseando-se em um “projeto autoritário de poder”.
O “núcleo crucial”, segundo a PGR, foi composto por figuras como:
Alexandre Ramagem, deputado e ex-diretor da Abin;
Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
Anderson Torres, ex-ministro da Justiça;
Augusto Heleno, ex-ministro do GSI;
Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;
Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil;
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
De acordo com a PGR, esses nomes tomaram as principais decisões para tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022.
Outras medidas pedidas pela PGR
A denúncia da PGR também solicita ao STF:
Reparação de danos: sem valor definido por enquanto, mas com base em relatórios dos Três Poderes sobre os danos de 8 de janeiro;
Manutenção das medidas cautelares: como a apreensão do passaporte de Bolsonaro e restrições a outros acusados;
Preservação do acordo de delação de Mauro Cid: a PGR pediu que o acordo continue válido até o fim da fase de instrução do processo;
Oitiva de testemunhas: entre os nomes citados estão o governador do DF, Ibaneis Rocha, e os então comandantes do Exército e da Aeronáutica.