- CUIABÁ
- SÁBADO, 14 , JUNHO 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta sexta-feira (23) a imposição de uma tarifa de 50% sobre todos os produtos importados da União Europeia (UE), com vigência a partir de 1º de junho de 2025. A medida, segundo ele, é uma resposta às barreiras comerciais e às práticas consideradas desleais adotadas pelo bloco europeu.
Em publicação na rede social Truth Social, Trump criticou duramente a UE, afirmando que o bloco foi criado “com o principal propósito de tirar vantagem dos EUA no comércio” e tem sido “extremamente difícil de negociar”. O republicano acusou a União Europeia de impor “barreiras comerciais poderosas”, aplicar “impostos sobre valor agregado injustos”, adotar “penalidades corporativas absurdas”, promover manipulações cambiais e processar empresas norte-americanas de maneira “injusta e infundada”.
Trump justificou a decisão apontando que o déficit comercial dos Estados Unidos com o bloco ultrapassa os US$ 250 bilhões anuais, número que classificou como “completamente inaceitável”.
“Como nossas negociações com eles não estão indo a lugar algum, estou recomendando uma tarifa direta de 50% sobre todos os produtos da União Europeia, a partir de 1º de junho de 2025. Produtos construídos ou fabricados nos Estados Unidos estarão isentos da tarifa”, declarou.
A medida deve intensificar as tensões comerciais entre Washington e Bruxelas, gerando preocupação nos setores industriais e financeiros sobre os possíveis impactos econômicos e diplomáticos.
Até o momento, a Comissão Europeia não se pronunciou oficialmente. De acordo com a agência Reuters, o bloco aguarda uma conversa entre o chefe de comércio da UE, Maros Sefcovic, e o representante dos EUA, Jamieson Greer, marcada para as 15h (horário de Brasília), antes de emitir qualquer comunicado.
A notícia teve impacto imediato nos mercados europeus. Ações de empresas com forte presença nos EUA, como as montadoras alemãs Porsche, Mercedes-Benz e BMW, recuaram mais de 4%. A fabricante de óculos EssilorLuxottica registrou queda de 5,5%.
O ministro das Relações Exteriores da Alemanha, Johann Wadephul, criticou a postura de Trump, afirmando que a ameaça de aumento de tarifas “não ajuda ninguém” e reforçou o apoio de Berlim à UE nas negociações com Washington. Ele também expressou otimismo sobre a possibilidade de um acordo de livre comércio entre União Europeia e Índia até o fim do ano.
Em paralelo, Trump também ameaçou nesta sexta impor uma tarifa de 25% sobre produtos da Apple caso os iPhones não sejam produzidos em território norte-americano.
No mês passado, os países da UE já haviam aprovado um primeiro pacote de retaliação às tarifas impostas por Washington. Atualmente, o bloco enfrenta tarifas de 25% sobre aço, alumínio e automóveis, além de taxas de 20% sobre a maioria dos demais produtos, em vigor desde abril.
As exportações europeias aos EUA incluem milho, trigo, cevada, arroz, motocicletas, aves, frutas, madeira, roupas e até fio dental. Essas importações somaram cerca de € 21 bilhões (US$ 23 bilhões) em 2024, conforme documentos acessados pela Reuters.