- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 27 , NOVEMBRO 2025


A Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) passou a oferecer um espaço exclusivo para acolher vítimas de violência ocorrida dentro do campus de Cuiabá. A Sala de Acolhimento, inaugurada no mês passado, foi criada para agilizar o atendimento às vítimas e fortalecer a rede de proteção da instituição — uma demanda crescente entre alunos, servidores e terceirizados.
Localizado no Núcleo de Prática Jurídica da Faculdade de Direito, o serviço funciona das 7h30 às 22h e conta com uma equipe multidisciplinar formada por assistente social, psicólogo, sociólogo e estudantes de Direito. O objetivo é oferecer escuta qualificada, orientação sobre direitos, evitar a revitimização e encaminhar os casos aos órgãos competentes.
“Esses casos são sensíveis e exigem preparo para acolher as pessoas, de modo que elas não se sintam revitimizadas”, afirmou a secretária de Direitos Humanos da UFMT, Onice Teresinha Dall’Oglio.
Resposta a casos que abalaram o campus
A criação da sala é uma resposta a episódios recentes de violência que aumentaram a sensação de insegurança na universidade. No fim de julho, o corpo de uma mulher de 52 anos foi encontrado em uma área desativada do campus — a perícia confirmou que ela foi vítima de violência sexual. No mesmo período, outros casos de agressão e importunação sexual também vieram à tona, mobilizando a comunidade acadêmica e reforçando a necessidade de um canal de apoio imediato às vítimas.
Insegurança altera a rotina dos estudantes
Entre os alunos, o medo ainda é presente.
“Com tudo o que aconteceu, não dá para dizer que me sinto segura, principalmente sendo mulher. Sempre ando acompanhada, sobretudo à noite”, relata a estudante Anne Louise Pereira Viana.
Outra aluna conta que precisou mudar seus hábitos no campus.
“Agora só ando em grupo. Usamos bastante o Ligeirão, o ônibus da universidade, para evitar lugares isolados. Caminhar sozinha não é uma opção”, diz.
O que o espaço oferece
A Sala de Acolhimento atende vítimas de diferentes formas de violência, como violência sexual, agressão física, assédio moral e sexual, importunação, racismo, capacitismo e outras discriminações ocorridas dentro da instituição.
O espaço funciona como porta de entrada para orientação e apoio, mas não substitui os canais formais de denúncia nem o registro de boletim de ocorrência.
“A sala não existe para receber denúncias, mas para acolher as pessoas que sofreram qualquer tipo de violência dentro da instituição e orientá-las sobre como proceder”, explicou a equipe responsável.
Ambiente de acolhimento e informação
Para muitas estudantes, o novo espaço representa um avanço importante.
“Ter um ambiente seguro, onde podemos ser escutadas sem julgamento, faz toda a diferença. Às vezes não há prova ou câmera, e a gente fica sem saber o que fazer. Esse acolhimento orienta e ampara”, afirma uma universitária.
A expectativa é que o serviço fortaleça a cultura de prevenção à violência, incentive a busca por ajuda e amplie o debate sobre segurança e direitos dentro da UFMT.