sexta-feira, 16 - maio 2025 - 14:57

Viagem de Lula à Rússia e China aproxima países na política


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A segunda semana de maio foi marcada por uma intensa agenda internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que, entre os dias 8 e 14, esteve em missão oficial na Rússia e na China. A visita a ambos os países resultou em acordos estratégicos nas áreas de energia, ciência, tecnologia e comércio, com foco no fortalecimento das relações bilaterais e na busca por mais ganhos econômicos.

Rússia: Reforço nas relações comerciais e científicas

A primeira etapa da viagem foi à Rússia, onde Lula se reuniu com o presidente Vladimir Putin. Juntos, participaram das comemorações dos 80 anos da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista, um evento simbólico para o país, que incluiu o tradicional desfile militar do dia 9 de maio.

A visita teve como objetivo ampliar as relações bilaterais, especialmente nos setores de energia, ciência e tecnologia. Durante a estadia em Moscou, foram assinados dois importantes acordos: um para a cooperação em ciência, tecnologia e inovação, e outro para a promoção de pesquisas conjuntas em áreas como clima, biodiversidade, biotecnologia, física de partículas, pesquisa polar, entre outros.

Comércio bilateral

No aspecto comercial, o Brasil tem um déficit significativo nas relações com a Rússia. Em 2024, o comércio bilateral alcançou a marca histórica de US$ 12,4 bilhões, um aumento de 9% em relação ao ano anterior. O Brasil exporta principalmente produtos agrícolas, como soja, café e carne bovina, enquanto importa da Rússia, principalmente óleos combustíveis e fertilizantes.

Lula destacou que, apesar do déficit, há potencial para o Brasil expandir suas exportações, especialmente em setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética, além de explorar minerais críticos como lítio, cobalto e níquel.

“Queremos construir parcerias com todos os países que têm expertise, para que possamos aproveitar essas oportunidades e transformar o Brasil em uma grande economia”, afirmou o presidente.

China: Avanços em inovação e investimentos bilaterais

A segunda parte da viagem levou Lula à China, onde participou da cúpula entre o gigante asiático e países da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), além de um Fórum Empresarial Brasil-China. A visita foi marcada por avanços em acordos em áreas como inovação, saúde, energia e desenvolvimento sustentável, com a promessa de R$ 27 bilhões em novos investimentos chineses no Brasil.

Entre os principais investimentos estão:

  • R$ 6 bilhões da montadora GWM para expandir suas operações e exportações para a América do Sul e México.

  • R$ 5 bilhões da Meituan, que prevê a geração de 100 mil empregos no setor de delivery.

  • R$ 3 bilhões da CGN para um hub de energia renovável no Piauí.

  • R$ 5 bilhões da Envision para criar o primeiro Parque Industrial Net-Zero da América Latina.

  • R$ 2,4 bilhões da Baiyin, com a aquisição da mina de cobre Serrote em Alagoas.

Maior parceiro comercial

A China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil desde 2009. Em 2023, o comércio bilateral atingiu um recorde de US$ 157,5 bilhões, com um superávit de mais de US$ 51 bilhões para o Brasil. Os principais produtos exportados pelo Brasil para a China são soja, petróleo e minério de ferro, enquanto as importações incluem equipamentos de telecomunicações, máquinas industriais e embarcações.

Durante a visita, também foi anunciada a criação do Instituto Brasil-China para Inovação em Biotecnologia e Doenças Infecciosas e Degenerativas. Esta parceria, que envolve a farmacêutica brasileira Eurofarma e a chinesa Sinovac, visa consolidar o Brasil como referência em terapias avançadas, com impacto direto na autonomia do SUS e na geração de empregos qualificados.

Fortalecimento das relações bilaterais

Lula reforçou o compromisso do Brasil com a China, destacando a importância das relações para o desenvolvimento sustentável e o fortalecimento da economia brasileira. “A parceria com a China é fundamental para a diversificação da nossa economia e para o avanço de setores estratégicos”, disse o presidente.

Com essas visitas, o Brasil busca consolidar sua posição em um cenário internacional marcado por tensões geopolíticas e guerras comerciais, ao mesmo tempo em que fortalece suas relações comerciais e busca diversificar suas fontes de investimento.

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