- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 31 , JULHO 2025
Empresário João Gustavo Ricci Volpato, apontado como líder de um esquema criminoso que teria desviado R$ 21 milhões da Conta Única do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT), foi preso em um residencial no bairro Jardim Aclimação, na manhã desta quarta-feira (30), durante operação deflagrada pela Polícia Civil.
Vídeo registrado pelo site FatoAgora mostra o momento em que João Gustavo deixa o residencial de alto padrão, na região do Terra Nova, cercado por policiais civis, em Cuiabá. Ele foi colocado em uma viatura descaracterizada.
No local, foram cumpridas duas ordens de busca e apreensão, sendo uma contra João Gustavo e outra contra Flávia de Oliveira Santos Volpato. Cerca de 20 agentes participaram da ação, que teve início por volta das 5h da manhã. A prisão ocorreu sem resistência.
De acordo com a investigação, o grupo atuava por meio da falsificação de documentos, simulação de dívidas judiciais e inserção de dados falsos no sistema do Judiciário, com o objetivo de emitir alvarás fraudulentos e desviar valores depositados judicialmente. O esquema envolvia advogados, empresários e servidores públicos, que manipulavam processos antigos para simular acordos e pagamentos inexistentes.
A decisão judicial que autorizou a prisão destaca que João Gustavo era o principal beneficiário e articulador do grupo, utilizando empresas de cobrança e escritórios de advocacia para sustentar a aparência de legalidade das fraudes. Em diversos processos, ele figurava como autor de execuções baseadas em documentos supostamente falsificados.
A operação policial cumpre um total de mais de 160 ordens judiciais, incluindo:
11 mandados de prisão preventiva;
22 mandados de busca e apreensão;
16 bloqueios judiciais somando mais de R$ 21,7 milhões;
46 quebras de sigilo bancário e fiscal;
sequestro de 18 veículos e 48 imóveis.
As ordens estão sendo cumpridas em Cuiabá, Várzea Grande e Marília (SP). O caso segue sob investigação, com novos desdobramentos previstos para os próximos dias.
O esquema
O grupo criminoso ajuizava ações de cobrança e, sem o conhecimento das partes rés, simulava a quitação da dívida via depósito judicial, juntando aos autos comprovantes de pagamentos falsificados.
Com isso, um servidor do Poder Judiciário, alvo da operação, fazia a migração do respectivo valor da conta única do TJMT para a conta vinculada ao processo, para que houvesse fundos para o resgate do alvará.
Os levantamentos iniciais identificaram 17 processos protocolados pela quadrilha entre os anos de 2018 e 2022. Como o Tribunal de Justiça modificou a metodologia de transferência de valores entre processos a partir do ano de 2023, até o momento não foram identificadas fraudes recentes com o mesmo modus operandi.