- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 26 , JUNHO 2025
A crescente polêmica em torno dos cuidados com bonecos realistas, conhecidos como bebês reborn, tem despertado preocupação não apenas em Mato Grosso, mas em todo o país. Diante do aumento de comportamentos em que cidadãos atribuem aos bonecos direitos e tratamentos semelhantes aos de uma pessoa real, o deputado estadual Wilson Santos (PSD) apresentou, na última quarta-feira (21), um projeto de lei para instituir um Programa de Atenção à Saúde Mental voltado a pessoas que manifestam vínculos afetivos com esses objetos inanimados.
“Temos visto vídeos e reportagens sobre pessoas que tratam esses bonecos como crianças verdadeiras — montando enxovais, levando-os a parques, buscando atendimento médico e até solicitando emissão de documentos como certidão de nascimento, RG e carteira de vacinação. Essa tendência gera preocupação, seja por críticas ou pelo acolhimento de quem busca vivenciar a maternidade ou paternidade simbolicamente. É fundamental oferecer apoio psicológico, pois esses comportamentos podem estar relacionados a perdas, frustrações ou quadros psiquiátricos”, explicou o parlamentar.
O projeto proíbe atendimentos clínicos, ambulatoriais ou hospitalares direcionados aos bonecos reborn nas unidades públicas de saúde ou conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS). Em contrapartida, prevê a criação do Programa de Saúde Mental, que visa identificar e acolher essas pessoas, oferecendo diagnóstico psicológico e psiquiátrico, tratamento terapêutico, acompanhamento psicossocial e prevenção do uso inadequado da rede pública, quando houver confusão entre o simbólico e o real.
Embora os bebês reborn tenham conquistado admiradores em várias partes do mundo — usados como recurso terapêutico, objetos de colecionismo ou expressão simbólica da maternidade — o fenômeno também suscita debates sobre os limites entre fantasia e realidade. Nesse contexto, a proposta de Wilson Santos destaca a importância de tratar esse comportamento com responsabilidade, garantindo apoio psicológico às pessoas envolvidas, sem desconsiderar a complexidade emocional por trás dessa relação com um objeto inanimado.