O ex-presidente Michel Temer (MDB) saiu em defesa do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ao comentar os processos que investigam o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em passagem por Cuiabá, nesta quinta-feira (27), durante o Fórum de Sustentabilidade e Desenvolvimento Econômico, promovido pelo Lide Mato Grosso, o emedebista afirmou que Moraes tem cumprido “rigorosamente” seu papel no caso.

Bolsonaro responde por uma série de crimes ligados à tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. As ações penais estão sob relatoria de Moraes, indicado ao Supremo pelo próprio Temer em 2017.

Questionado sobre a pressão de bolsonaristas contra o ministro, o ex-presidente destacou que o julgamento deve se basear exclusivamente em provas. “Se houver provas, Bolsonaro será condenado. Caso contrário, será absolvido. Portanto, Alexandre está cumprindo rigorosamente o papel que lhe cabe como ministro da Suprema Corte”, disse.

Temer também buscou relativizar a recente fala de Moraes, de que não recuaria “um milímetro” em suas decisões, mesmo diante de críticas do governo dos Estados Unidos, que acusa o ministro de perseguir Bolsonaro. Para o ex-presidente, a declaração foi mal interpretada. “O que ele quis dizer é que não vai recuar da prova dos autos. Se as provas apontarem condenação, haverá condenação. Se forem de absolvição, haverá absolvição”, explicou.

O julgamento de Bolsonaro pela Primeira Turma do STF está marcado para ocorrer entre 2 e 12 de setembro. O colegiado é formado por Alexandre de Moraes, Flávio Dino, Cristiano Zanin, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Em caso de condenação, as penas podem ultrapassar 30 anos de prisão.

A fala de Temer acontece em um momento de forte tensão política, especialmente com a proximidade do julgamento que pode definir o futuro político de Bolsonaro. Ao elogiar Moraes, Temer não apenas reforça a confiança na condução do processo, mas também marca posição em um cenário de crescente embate entre bolsonaristas e o Supremo.