terça-feira, 24 - junho 2025 - 18:19

No STF, Mauro Cid confirma delação que incrimina Braga Netto em ação


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O tenente-coronel Mauro Cid confirmou nesta terça-feira (24), em acareação no Supremo Tribunal Federal (STF), todas as declarações prestadas em sua delação premiada sobre a suposta trama golpista articulada durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Cid também negou ter sofrido qualquer tipo de pressão da Polícia Federal para firmar o acordo de colaboração.

A acareação foi realizada no âmbito da ação penal que apura uma tentativa de golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder após sua derrota nas eleições de 2022. O procedimento, conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes — relator do caso no STF —, colocou frente a frente Mauro Cid e o general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil no governo Bolsonaro. Ambos são réus na ação e militares do Exército.

Apesar de a audiência ter ocorrido a portas fechadas, por determinação de Moraes, a ata foi divulgada pelo Supremo. A sessão durou cerca de 1h30 e contou com a presença dos advogados de defesa dos envolvidos, do procurador-geral da República, Paulo Gonet — autor da denúncia —, e das defesas dos outros seis réus no processo, incluindo a do ex-presidente Jair Bolsonaro. A acareação não foi gravada.

O procedimento foi solicitado pela defesa de Braga Netto, que acusa Mauro Cid — ex-ajudante de ordens de Bolsonaro — de mentir em seus depoimentos. Pela legislação, é direito do réu solicitar acareação com outro acusado ou testemunha, quando há divergência nas versões apresentadas. Durante a sessão, ambos mantiveram suas declarações anteriores, sem alterações.

Preso desde dezembro de 2023, Braga Netto é acusado de tentar obstruir as investigações da Polícia Federal e obter informações sigilosas sobre os depoimentos de Cid.

Segunda acareação no mesmo dia

Logo após o término da primeira acareação, o STF deu início a uma segunda sessão, desta vez entre o ex-ministro da Justiça Anderson Torres e o general Freire Gomes, ex-comandante do Exército. A audiência durou cerca de uma hora.

A acareação foi solicitada pela defesa de Anderson Torres, que buscava esclarecer “pontos nevrálgicos” do depoimento de Freire Gomes, considerado uma das principais testemunhas do caso, embora não seja réu.

O julgamento da ação penal que envolve militares, ex-ministros e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro é um dos principais desdobramentos da investigação sobre tentativa de subversão institucional após as eleições presidenciais de 2022. O STF ainda não definiu datas para os próximos atos processuais.

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