domingo, 27 - julho 2025 - 11:32

Com venda proibida, chumbinho é comercializado por R$ 45 em Cuiabá


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jULCom a venda proibida no Brasil e considerado um risco à saúde pública, o veneno conhecido popularmente como “chumbinho” é comercializado em plena luz do dia em Cuiabá. Com casos de homicídios por envenenamento revelados no país e sob a justificativa de que usaria o produto como raticida, A Gazeta flagrou a venda do produto por R$ 45, comercializado em um pequeno frasco de plástico e sem qualquer instrução referente ao uso e aos perigos na embalagem.

O “chumbinho” é um veneno agrícola, utilizado na lavoura como inseticida, acaricida e nematicida. De modo geral, ele é produzido a partir de vários compostos químicos e, entre eles, está o aldicarbe, que foi proibido no país em 2012 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) devido ao alto risco de intoxicação. De agrotóxico, o produto teve sua finalidade desviada para uso como raticida, mas sequer é eficaz nesse sentido.

Nas ruas de Cuiabá, a reportagem realizou tentativa de compra em diversos estabelecimentos de produtos agrícolas e casas de ração. Na maioria, os vendedores alertavam que o produto é proibido e que não está à venda, indicando outros raticidas para uso. Mesmo com insistência, eles alegavam que não era possível achar o famoso “chumbinho”.

Apesar disso, outros comércios afirmaram realizar a venda. Em um dos locais, o vendedor se mostrou inicialmente desconfiado da abordagem, mas não fez questionamentos. Ele apenas disse que não estava com o produto em estoque, que indicaria o “chumbinho líquido” para matar os ratos, mas que também havia acabado de vender o último frasco. Sem hesitar, e comprovando a rede clandestina em Cuiabá, ele indicou outro ponto de venda na região, com a versão granulada da substância. No novo estabelecimento, assim que informado sobre o que a reportagem buscava, de prontidão o vendedor informou o valor a ser cobrado, R$ 45. Ele ainda alertou para tomar cuidado, afirmando que o produto é extremamente perigoso.

“Pode matar onça, matar gente, matar tudo”. Ele também deu orientações de como poderia ser feito e como atrair os ratos a serem envenenados.

Outro lado

A Anvisa informou que a fiscalização do comércio local de produtos irregulares é realizada pelas vigilâncias sanitárias da região.

A Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá negou que o município realize fiscalizações nesse sentido, afirmando que a responsabilidade é das forças de segurança. Disse que caso a Vigilância Sanitária do município encontre o produto durante uma inspeção, a polícia será acionada. A Secretaria de Estado de Saúde (SES) não respondeu até o fechamento desta edição.



Juliana Alves / Jornal A Gazeta
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