domingo, 27 - julho 2025 - 12:35

'Achar que a corrupção diminuiu em MT é ilusão', diz ex-juíza Selma Arruda


Selma Arruda – Agência Senado
Selma Arruda – Agência Senado

A ex-juíza e ex-senadora Selma Arruda, que ganhou notoriedade ao mandar prender nomes poderosos da política mato-grossense, como o ex-governador Silval Barbosa e o ex-deputado José Riva, reapareceu publicamente com duras críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em entrevista concedida ao Jornal A Gazeta, Selma, que foi cassada em 2020 e está inelegível até 2028, afirmou que o país vive uma crise institucional no Judiciário e que a percepção de diminuição da corrupção em Mato Grosso é ilusória.

Selma, que ganhou notoriedade nacional ao atuar na Vara contra o crime organizado, demonstrou preocupação com o silêncio institucional diante de possíveis novos esquemas de corrupção. Segundo ela, a ausência de escândalos não é sinônimo de melhora, mas de omissão.

“Uma coisa é imaginar que a corrupção diminuiu. Outra é dizer que a percepção de corrupção diminuiu. Quando isso acontece, é mau sinal. Significa que não estão investigando. Não sei se os investigadores estão mais cabreiros ou se é outra coisa, mas o fato é que não estão fazendo seu trabalho”, declarou.

Durante a entrevista, Selma também abordou a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF), que, em sua visão, contribui para uma crise institucional. Segundo ela, as decisões atuais da Corte não se sustentariam juridicamente em outros tempos.

“Hoje você vê medidas como colocar tornozeleira em alguém sem base jurídica concreta. Se fosse na minha época, e eu decidisse algo assim, seria cassada na hora. É um verdadeiro caos jurídico”, disse, referindo-se indiretamente ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que teve o uso de tornozeleira eletrônica autorizado pela Justiça.

Selma também voltou a afirmar que sua cassação do Senado, em 2020, foi motivada por razões políticas. “Saí do Judiciário onde prendi políticos e entrei na política. Fui cassada exatamente por isso. Foi um jogo de cartas marcadas”, afirmou, dizendo que sua atuação incomodava setores do Judiciário e da classe política.

A ex-magistrada afirmou que não pretende retornar à vida política após o fim de sua inelegibilidade, em 2028. “Fui ingênua. Entrei na jaula dos caras achando que poderia mudar algo. Hoje deixo isso para o pessoal mais novo, com mais energia.”

Por fim, ela deixou um recado aos eleitores que a apoiaram em 2018. “A maioria diz que fui condenada por uma coisa que todo mundo faz. E é aí que eu morro de ódio, porque eu não fiz. Peço que tenham mais seriedade na hora de votar. O futuro do país depende disso.”

A entrevista completa foi concedida ao jornal A Gazeta.

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