sexta-feira, 2 - maio 2025 - 11:19

Empresas globais alertam para impactos negativos das tarifas dos EUA


McDonald’s
McDonald’s

A nova política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já começa a mostrar efeitos adversos sobre grandes corporações e levanta preocupações quanto ao cenário econômico futuro. Empresas como McDonald’s, General Motors (GM), Samsung e UPS têm alertado investidores sobre os riscos associados às tarifas e o potencial impacto negativo sobre seus resultados ao longo de 2025.

Diante das incertezas sobre o efeito do chamado “tarifaço” na economia e no consumo norte-americano, cresce o temor de desaceleração econômica. Especialistas apontam que as tarifas podem encarecer produtos para os consumidores, pressionando a inflação. Isso pode levar o Federal Reserve (Fed), o banco central dos EUA, a retomar um ciclo de alta nos juros, encarecendo o crédito e restringindo o consumo e os investimentos.

Queda no consumo pressiona setor de alimentação

Na quinta-feira (1º), o McDonald’s divulgou uma queda de 1% nas vendas globais no primeiro trimestre, contrariando a expectativa de crescimento de 0,95%. Nos Estados Unidos, o recuo foi ainda mais expressivo, atingindo 3,6% — a maior retração desde a pandemia de Covid-19, em 2020.

Segundo o CEO Chris Kempczinski, a rede enfrenta as “mais difíceis condições de mercado” recentes. O desempenho negativo reflete a queda na demanda em restaurantes nos EUA e Europa, em meio à cautela dos consumidores com a conjuntura econômica. Outras redes, como Domino’s, Chipotle e Starbucks, também reportaram desaceleração nas vendas, indicando uma redução nos gastos com alimentação fora de casa.

Montadoras reavaliam projeções e enfrentam prejuízos

O setor automotivo também sente os efeitos das tarifas. A GM revisou para baixo sua projeção de lucro para 2025 e estima um impacto de até US$ 5 bilhões (R$ 28,3 bilhões). Apesar de uma ordem executiva recente que prevê isenções de taxas para alguns insumos, montadoras como Mercedes-Benz, Stellantis e Volvo Cars continuam sem divulgar previsões financeiras para o ano.

A Porsche, que não possui produção nos Estados Unidos, afirmou ter registrado um impacto negativo de pelo menos 100 milhões de euros apenas nos meses de abril e maio.

Tecnologia sofre com incertezas na demanda

O setor de tecnologia apresenta um quadro misto. A Microsoft superou as expectativas de receita no trimestre, impulsionada pelo crescimento da plataforma de nuvem Azure. No entanto, sua divisão de consoles Xbox anunciou reajustes de preços em resposta ao aumento dos custos provocados pelas tarifas.

Já a Samsung Electronics advertiu que as tarifas norte-americanas podem reduzir a demanda por produtos como smartphones. A companhia sul-coreana divulgou um lucro operacional de 6,7 trilhões de wons (US$ 4,68 bilhões ou R$ 26,5 bilhões) no primeiro trimestre, com alta de 1,2% em relação ao ano anterior. A leve melhora no resultado, segundo a empresa, deve-se à antecipação de compras por clientes preocupados com o encarecimento de insumos.

Ainda nesta quinta-feira são aguardados os balanços financeiros da Amazon e da Apple, que devem oferecer novas sinalizações sobre os efeitos das tarifas, especialmente diante da possibilidade de novas taxas sobre eletrônicos nas próximas semanas.

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