- CUIABÁ
- SEXTA-FEIRA, 11 , JULHO 2025
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar, nesta sexta-feira (11), a jornada de trabalho em escala 6×1 — seis dias de serviço por um de folga — e defendeu a construção de um novo modelo de trabalho mais flexível no país. Segundo ele, é necessário envolver trabalhadores, empresários e instituições para debater e propor alternativas que permitam mais tempo para a vida pessoal e familiar.
“A humanidade não quer mais seis por um. É preciso inventar uma outra jornada de trabalho, mais flexível, porque as pessoas querem ficar mais em casa, cuidar mais da família”, afirmou Lula durante o lançamento de um programa de transferência de renda para os atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana (MG), em Linhares (ES).
O presidente reforçou que o modelo atual é exaustivo e não atende às novas expectativas da sociedade, especialmente dos mais jovens. “O trabalhador não aguenta mais acordar às cinco da manhã e voltar às sete da noite durante seis dias por semana. Hoje, a juventude já não quer mais isso”, disse.
Segundo Lula, o governo deve liderar o debate, com base em evidências e estudos técnicos. “É importante que a gente, enquanto governo, trate de pesquisar. Vamos utilizar as universidades, a OIT [Organização Internacional do Trabalho], e todas as instituições voltadas ao mundo do trabalho para apresentar uma nova forma de trabalhar nesse país. Precisamos garantir mais mobilidade para as pessoas”, acrescentou.
Debate em pauta
Esta não é a primeira vez que Lula se posiciona publicamente sobre o tema. Em 1º de maio, Dia do Trabalhador, o presidente já havia defendido o “aprofundamento do debate” sobre a jornada 6×1.
O tema tem ganhado força nas ruas. Na quinta-feira (10), manifestações em diversas cidades brasileiras pediram o fim do modelo tradicional de seis dias de trabalho por semana. No Congresso Nacional, porém, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que propõe a extinção da jornada 6×1 ainda não avançou.
Lideranças do governo classificam a medida como “prioritária” para 2025, mas a proposta enfrenta forte resistência de setores empresariais, que alegam que a mudança poderia elevar os custos operacionais e comprometer a competitividade das empresas. A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) já se manifestou contrária à proposta.