- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 24 , ABRIL 2025
Mais de 200 supostos integrantes da gangue Tren de Aragua, da Venezuela, foram deportados pelos Estados Unidos e enviados a El Salvador, onde foram levados para uma prisão de alta segurança, conforme anunciou o presidente salvadorenho Nayib Bukele no domingo (16). As deportações ocorreram após o presidente dos EUA, Donald Trump, invocar a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798, facilitando o processo de remoção dos imigrantes.
A principal dúvida surgiu sobre por que os EUA enviaram os imigrantes para El Salvador, e não para a Venezuela. A resposta está parcialmente relacionada à diplomacia e relações internacionais. Países como Cuba e Venezuela têm relações tensas com os Estados Unidos e, no passado, limitaram o número de deportados que aceitariam. Embora Trump tenha afirmado que o presidente venezuelano Nicolás Maduro havia concordado em aceitar seus cidadãos, o governo venezuelano demonstrou sua “profunda indignação” pela deportação e pela aplicação da lei, considerando-a ilegal e violadora dos direitos humanos.
Além disso, a Venezuela rejeitou a ameaça de deportação, especialmente contra crianças, após o anúncio de que qualquer imigrante venezuelano com 14 anos ou mais que fosse membro do Tren de Aragua seria sujeito a ser removido sob essa legislação.
Por que El Salvador?
A escolha de El Salvador tem uma explicação financeira. Segundo um memorando interno, os Estados Unidos devem pagar US$ 6 milhões (aproximadamente R$ 34,2 milhões) ao governo salvadorenho pela prisão de 300 integrantes do Tren de Aragua durante um ano, com possibilidade de renovação do contrato. Esse valor é considerado relativamente baixo para os EUA, mas significativo para El Salvador, ajudando a tornar o sistema prisional do país sustentável.
Os deportados foram levados para o Centro de Confinamento do Terrorismo, uma megaprisão que tem capacidade para abrigar até 40 mil detentos. O acordo com os EUA já havia sido discutido antes, quando o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, mencionou que o país estava disposto a enviar criminosos perigosos para as prisões de El Salvador.
Além disso, Nayib Bukele, presidente de El Salvador, é visto pelos EUA como um aliado importante nas políticas de imigração na região. Bukele implementou políticas de segurança agressivas, que resultaram na prisão de mais de 80 mil pessoas e na redução dos homicídios em seu país. As políticas de segurança de Bukele foram elogiadas pelos EUA por contribuírem para a diminuição do fluxo de imigrantes ilegais de El Salvador para os EUA.
No entanto, essas políticas de segurança também têm gerado controvérsias, como a suspensão de direitos constitucionais e o aumento massivo de prisões, o que levou a protestos de grupos de direitos humanos.
A cooperação com os Estados Unidos e o crescente controle de Bukele sobre o poder permitiram que ele restaurasse a paz em El Salvador, um país que anteriormente enfrentava grandes desafios com gangues, mas com custos em termos de direitos civis e liberdades fundamentais.