- CUIABÁ
- DOMINGO, 15 , JUNHO 2025
Pequim reagiu com firmeza à sinalização do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de que poderia reduzir tarifas sobre produtos chineses. Autoridades chinesas negaram que haja qualquer negociação em andamento e afirmaram que só aceitarão dialogar se Washington suspender todas as medidas tarifárias impostas unilateralmente.
Trump havia sugerido, em entrevista na Casa Branca, que as tarifas sobre importações chinesas “diminuiriam substancialmente” e prometeu adotar uma postura mais conciliadora nas negociações, comprometendo-se até mesmo a não citar as origens da pandemia de Covid-19. No entanto, o governo chinês descartou qualquer disposição de diálogo nas atuais condições e criticou a mudança de tom do ex-presidente, vista como tentativa de aliviar pressões internas e acalmar os mercados.
“O aumento das tarifas foi iniciativa dos EUA. Portanto, cabe a eles dar o primeiro passo e remover essas medidas”, afirmou He Yadong, porta-voz do Ministério do Comércio da China. A declaração foi reforçada por Guo Jiakun, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, que negou qualquer contato recente entre os dois países sobre a questão tarifária.
Analistas chineses avaliam que a China não tem pressa em negociar e mantém a vantagem estratégica. Eles atribuem a retórica conciliatória de Trump à pressão doméstica e à instabilidade nos mercados, especialmente após reuniões com executivos de grandes varejistas preocupados com o impacto das tarifas sobre a economia americana.
Apesar da postura oficial de resistência, especialistas apontam que a prolongada guerra comercial também afeta negativamente a economia chinesa. Tarifas americanas de até 145% sobre produtos chineses e medidas retaliatórias de Pequim elevaram os riscos de recessão global, e o crescimento chinês enfrenta obstáculos para atingir a meta de cerca de 5% este ano.
Críticas internas à estratégia chinesa têm sido censuradas nas redes sociais, embora especialistas alertem que o prolongamento do conflito pode aumentar o desemprego e gerar instabilidade social. Segundo um analista ouvido pela imprensa sob anonimato, o governo chinês estaria apenas “salvando as aparências”, esperando que os EUA cedam primeiro para, então, apresentar qualquer concessão como vitória própria.
Enquanto isso, o tom nas redes sociais chinesas segue nacionalista. A hashtag “Trump amarelou” foi amplamente compartilhada na plataforma Weibo, refletindo o sentimento público de que a China deve manter uma posição dura nas negociações.