terça-feira, 4 - março 2025 - 12:32

China promete lutar após intensificação de guerra comercial


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A China prometeu “lutar até o fim” após o presidente dos EUA, Donald Trump, dobrar as tarifas sobre as importações chinesas para 20%. Como resposta, Pequim impôs tarifas retaliatórias de até 15% sobre produtos americanos, ampliou os controles de exportação sobre empresas dos EUA e entrou com uma ação judicial contra os EUA na Organização Mundial do Comércio. O governo chinês afirmou que o povo chinês não se curvará à “hegemonia ou intimidação”, destacando que a pressão externa sobre a China é um erro de cálculo.

O líder chinês Xi Jinping está se preparando para uma grande reunião política, as “duas sessões”, que busca transmitir confiança na capacidade do país de lidar com desafios externos. Durante essa reunião, espera-se que Li Qiang, segundo oficial chinês, exponha as metas anuais para o crescimento econômico e gastos militares da China, assim como seu plano para a transformação do país em uma potência tecnológica, mesmo sob a pressão crescente dos EUA.

O verdadeiro poder de decisão está com o Partido Comunista Chinês (PCC), e Xi continua sendo a figura central do partido. O aumento das tarifas e a ameaça de mais controles econômicos e tecnológicos da parte dos EUA têm grande impacto sobre as “duas sessões”, e os analistas aguardam sinais de como Pequim lidará com as dificuldades econômicas internas, como a desaceleração econômica e os desafios no setor imobiliário.

Xi enfatizou a importância da inovação, indústria e autossuficiência, buscando proteger a China contra atritos futuros. Ele também falou sobre a necessidade de “enfrentar as dificuldades de frente e fortalecer a confiança” diante dos desafios externos. A China está confiante em seu setor de alta tecnologia, que tem registrado avanços notáveis, como o sucesso da DeepSeek, uma empresa de inteligência artificial que surpresou o Vale do Silício, e o progresso de suas fabricantes de veículos elétricos, competindo com a Tesla.

A China tem investido fortemente em áreas como chips de ponta, computação quântica, robótica e IA, buscando substituir os EUA em algumas partes da ordem mundial, especialmente no campo da inteligência artificial e das tecnologias verdes, como os veículos elétricos. Pequim também está tomando medidas para liberar a indústria privada e promover a inovação, ao mesmo tempo em que prepara políticas para enfrentar a crescente pressão externa, principalmente dos EUA.

Xi também enfatizou a importância das empresas privadas, destacando que este é o “horário nobre” para elas darem o máximo de si. O governo chinês segue discutindo uma Lei de Promoção da Economia Privada, que pode ser aprovada em breve, representando uma correção de curso após anos de repressão regulatória ao setor privado. Apesar disso, o controle de Xi sobre o sistema político chinês continua firme, com ações como a remoção do limite de mandatos presidenciais, permitindo-lhe continuar no poder indefinidamente.

A economia chinesa enfrenta desafios, como a desaceleração do crescimento, uma crise no setor imobiliário e problemas com a dívida do governo local. Embora o crescimento tenha sido projetado em 5% para 2024, esse número é visto com ceticismo, e analistas preveem que a meta de PIB de 2025 será semelhante. Pequim pode anunciar novos esforços para estimular o consumo, dado que as tarifas dos EUA tornaram a dependência do mercado interno ainda mais urgente.

Xi vincula a demanda fraca à “segurança econômica”, um conceito que tem se tornado cada vez mais central nas políticas do país. Além disso, a China conta com suas empresas subsidiadas para resistir às tarifas adicionais dos EUA, confiando na resistência das indústrias chinesas, dada a dependência dos EUA em produtos chineses. Embora os observadores esperem que a China reaja de forma mais agressiva à pressão externa, o país continua a projetar uma imagem de confiança, mantendo seu curso e se apresentando como uma campeã do comércio e da ordem globais.

Apesar das dificuldades econômicas internas, a China continua a priorizar o fortalecimento de sua indústria, investindo em tecnologias de ponta para garantir um crescimento autossuficiente e combater as pressões externas. Pequim provavelmente introduzirá medidas para apoiar a indústria, ajudar os produtores a superar as tarifas adicionais dos EUA e garantir que as empresas chinesas se tornem dominantes no mercado global.

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