quinta-feira, 12 - junho 2025 - 17:34

Suspensão de voos em MT causa indignação e Jayme Campos denuncia ´monopólio`


Senador Jayme Campos (União-MT)
Senador Jayme Campos (União-MT)

CUIABÁ (MT) – A decisão da Azul Linhas Aéreas de suspender, a partir de julho, os voos diretos de Cuiabá para cinco capitais brasileirasCampo Grande, Curitiba, Goiânia, Brasília e Maceió — além de encerrar a rota regional para Alta Floresta (MT), gerou fortes reações no Senado. O senador Jayme Campos (União-MT) classificou a medida como “um total desrespeito ao cidadão mato-grossense” e alertou para os graves impactos econômicos e sociais da redução das conexões aéreas na região.

Em discurso, o parlamentar criticou duramente o modelo atual da aviação civil no Brasil, que, segundo ele, funciona sob “um monopólio disfarçado”, onde poucas companhias controlam a maioria das rotas, limitam a concorrência e impõem tarifas abusivas. Dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) mostram que Azul, Gol e Latam concentram mais de 90% do mercado doméstico, o que inibe a entrada de novas empresas e mantém os preços elevados — especialmente em rotas regionais, como as que atendem Mato Grosso.

Tarifas altas e isolamento aéreo

Com a suspensão anunciada, especialistas e autoridades preveem a piora de um problema já crônico no estado: a escassez de voos e o alto custo das passagens. “O que já é caro tende a ficar ainda mais inacessível”, alertou Jayme Campos. Para o senador, um estado com o peso econômico de Mato Grosso — um dos maiores produtores de commodities do país — “não pode ficar refém de um sistema aéreo frágil e concentrado”.

Campos afirmou que já está em contato com o ministro dos Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, para cobrar explicações e soluções. “Precisamos que isso seja esclarecido com urgência. A população mato-grossense merece respeito”, declarou.

Potencial internacional desperdiçado

O senador também lamentou o subaproveitamento do Aeroporto Internacional Marechal Rondon, em Várzea Grande (região metropolitana de Cuiabá), que está habilitado para voos internacionais há mais de seis meses, mas ainda não conta com operações regulares para o exterior.

Como alternativa para fomentar o turismo e o comércio exterior, Jayme defendeu a criação de uma rota direta entre Cuiabá e Lima (Peru). “É uma conexão estratégica, especialmente com a intensificação das relações comerciais entre o Brasil e os países andinos. Não podemos continuar isolados”, pontuou.

Uso do FNAC e política regional

Jayme Campos também cobrou a aplicação eficiente do Fundo Nacional de Aviação Civil (FNAC), que, segundo ele, possui cerca de R$ 6 bilhões disponíveis, e poderia ser utilizado para subsidiar voos em regiões menos atendidas. “Precisamos de uma política nacional de aviação regional que priorize estados como Mato Grosso, que movimenta bilhões na economia, mas segue desconectado do restante do país”, afirmou.

Azul silencia; setor produtivo prevê prejuízos

Até o momento, a Azul Linhas Aéreas não respondeu às críticas publicamente, limitando-se a informar, por meio de nota técnica, que a decisão faz parte de um “reposicionamento de rede”. O Ministério dos Portos e Aeroportos também não se manifestou oficialmente, embora o tema da aviação regional tenha sido citado como prioridade em recentes declarações do Governo Federal.

A reação do setor produtivo de Mato Grosso foi imediata: empresários e entidades do agronegócio, turismo e logística preveem prejuízos significativos com a redução das rotas. A fala de Jayme Campos reforçou um debate mais amplo no Congresso: o transporte aéreo deve ser tratado como um serviço essencial, e não como um produto elitizado.

“Viajar pelo Brasil não pode ser um luxo — tem que ser um direito”, concluiu o senador. “Vamos seguir lutando por uma aviação mais justa, acessível e integrada, à altura do Brasil que queremos construir.”

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