- CUIABÁ
- QUINTA-FEIRA, 24 , ABRIL 2025
Governo propõe isenção total na conta de luz para famílias de baixa renda e cria novo modelo de desconto social
O Ministério de Minas e Energia enviou à Casa Civil, na última quarta-feira (16), uma proposta de projeto de lei que amplia significativamente o alcance da tarifa social de energia elétrica. A medida, que ainda pode ser ajustada antes de seguir ao Congresso Nacional, pretende beneficiar até 60 milhões de brasileiros, com isenção total ou parcial na conta de luz.
A proposta integra o pacote de reestruturação do setor elétrico e tem como objetivo promover o que o governo chama de “justiça tarifária”, reduzindo desigualdades no acesso à energia e combatendo a inadimplência e o furto de energia.
Segundo o texto preliminar, terão isenção total da conta de luz os consumidores que:
Estão inscritos no CadÚnico (Cadastro Único para Programas Sociais);
Possuem renda familiar de até meio salário mínimo per capita;
Têm consumo mensal de até 80 kWh;
São beneficiários do BPC (Benefício de Prestação Continuada), incluindo idosos e pessoas com deficiência;
São indígenas ou quilombolas registrados no CadÚnico;
Estão em regiões com sistemas isolados de energia, sem conexão com o Sistema Interligado Nacional.
Nestes casos, o consumidor não pagará pela energia consumida até o limite de 80 kWh por mês. Se o consumo for maior, o valor será cobrado apenas sobre o excedente. Por exemplo, se uma família consumir 86 kWh em um mês, pagará apenas pelos 6 kWh excedentes.
A proposta também cria uma nova faixa de desconto social para famílias com:
Renda entre meio e um salário mínimo per capita;
Consumo de até 120 kWh por mês.
Esses consumidores terão isenção da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético), encargo que representa cerca de 12% do valor total da conta de luz. Ou seja, o desconto aplicado será proporcional a esse percentual.
Hoje, a tarifa social concede descontos escalonados para famílias inscritas no CadÚnico, com consumo de até 220 kWh por mês. Os abatimentos chegam a:
65% para consumo de 0 a 30 kWh;
Isenção total para indígenas ou quilombolas, com consumo até 50 kWh.
A proposta pretende ampliar o acesso à energia elétrica com tarifas mais justas, reduzindo a inadimplência e o número de ligações clandestinas (os chamados “gatos”). Segundo o governo, a nova tarifa social deve zerar a conta de luz de 16 milhões de brasileiros e beneficiar, ao todo, cerca de 60 milhões de pessoas.
Já o novo desconto social tem potencial para atingir 21 milhões de famílias, sendo que 8,5 milhões já estão cadastradas no CadÚnico.
O impacto estimado da proposta é de R$ 4,45 bilhões por ano, valor que seria repassado às tarifas pagas pelos demais consumidores, com aumento médio de 1,4% nas contas de energia.
No entanto, o governo pretende compensar esse custo com a redução de subsídios para fontes incentivadas de energia, como a eólica e a solar. A expectativa é que essa revisão regulatória retire cerca de R$ 10 bilhões em subsídios ao longo do tempo, à medida que contratos de fornecimento dessas fontes expirem.